8 de março é comemorado o Dia Internacional da Mulher. A data visa recordar as conquistas das mulheres que, ao longo da história, lutaram por seus direitos e igualdades, além de homenageá-las por sua força e coragem de tentar mudar o mundo.
É um período para reforçar a importância dos direitos igualitários e também expor o fato de que, mesmo com tantas conquistas, muitas mulheres ainda não são ouvidas e continuam sendo impedidas de ter uma vida plena e digna, com restrições a direitos básicos como saúde e educação, não sendo reconhecidas em alguns lugares do mundo.
É um momento de reflexão e celebração, então elaboramos uma seleção com personalidades femininas que marcaram a história da literatura, sendo peças fundamentais na criação de grandes obras, com textos que exibem opiniões fortes e sinceras sobre variados assuntos, além de relatarem críticas sociais presentes em nosso cotidiano.
Vamos a seleção:

Videira: Uma Trajetória em Construção
A história de um lugar é composta pela interposição de redes construídas pelas relações humanas para dar lugar às várias tramas que compõem a vida cotidiana e o imaginário coletivo. Unem-se história e geografia, economia e cultura, sociedade e política para criar uma cidade e como cidade, uma identidade cultural, material e imaterial que se não for registrada será perdida e uma vez perdida será esquecida para sempre. Para frear o esquecimento da sua própria história, Videira recebe uma obra que conta a trajetória de seu lugar, indo da ocupação indígena à Guerra do Contestado, e da Guerra à ocupação colonizadora para apresentar a formação das vilas de Vitória e Perdizes, que deram origem ao município, bem como das comunidades satélites; a construção de suas pontes e suas destruições pela força do Rio do Peixe; o desenvolvimento da indústria e da economia; a promoção de cultura; as práticas religiosas e outros aspectos relevantes da história municipal. Autora: Angela Zatta

Poemas dos becos de Goiás e estórias mais
Quando Cora Coralina estreou, em 1965, com os Poemas dos Becos de Goiás e Estórias Mais, a crítica não percebeu (só perceberia mais tarde) que ali nascia uma poeta original, de raízes muito profundas na alma popular, com uma sabedoria dosada de ironia, de alguém que muito viveu e sofreu, mas de expressão tão suave, com tamanho frescor que parecia vir de uma jovem. Era e não era verdade, se ponderarmos que a alma não tem idade e os sentimentos não envelhecem. Cronologicamente, a autora era uma respeitável senhora de 75 anos (bela idade para uma estreia poética), vinda do interior de Goiás. O público sentiu de imediato o que os críticos não perceberam: a alta tensão poética daquela poesia, seu poder de comunicabilidade, a simplicidade de expressão, o amor pelo semelhante, a comoção humana que fazia de cada leitor um passante pelos becos cheios de tradições de Goiás. Só mais tarde, com o reconhecimento de grandes figuras da literatura brasileira, como Carlos Drummond de Andrade, alguns críticos começaram a rasgar seda pela poeta. Ainda bem. Preconceitos postos de lado, descobriram nela uma irmã - em certo sentido mais suave, em outro mais áspera - de Gabriela Mistral e Rosalia de Castro. Irmã, sim, mas com uma personalidade muito própria e forte, quase sem influências literárias, mas com alguma coisa de franciscana. A Oração do Milho não parece escrita por Francisco de Assis? Quem, excetuados os corações de pedra, não se comove com esse poema, um dos mais belos já escritos no Brasil?
Autora: Cora Coralina

Um Sopro de Vida
"Eu escrevo como se fosse para salvar a vida de alguém. Provavelmente a minha própria vida." Com essas palavras, Clarice Lispector convida o leitor para uma viagem única. "Um sopro de vida" e "A hora da estrela" foram escritos simultaneamente, movidos pela mesma pergunta. "Estou com a impressão de que ando me imitando um pouco. O pior plágio é o que se faz de si mesmo." Questionamento agravado pela constatação: "E há também os meus imitadores (…) algumas pessoas que tiveram o mau gosto de serem eu." Entre elas, os críticos são os que com maior impertinência e constância tentam imitá-la, reduplicando, em suas análises, a ambiguidade radical atribuída à pessoa Clarice Lispector. Com isso, seus livros se transformam sempre num mergulho no infinito de uma identidade à deriva. "Um sopro de vida" (e "A hora da estrela") deveria(m) ter encerrado essa monótona romaria. Por que não imaginar que a pessoa Clarice foi pretexto para que a persona da escritora, em sua pluralidade, pudesse triunfar? Autora: Clarice Lispector

Ponciá Vicêncio
A história de Ponciá Vicêncio descreve os caminhos, as andanças, as marcas, os sonhos e os desencantos da protagonista. A autora traça a trajetória da personagem da infância à idade adulta, analisando seus afetos e desafetos e seu envolvimento com a família e os amigos. Discute a questão da identidade de Ponciá, centrada na herança identitária do avô e estabelece um diálogo entre o passado e o presente, entre a lembrança e a vivência, entre o real e o imaginado. Autora: Conceição Evaristo

23 histórias de um viajante
As mulheres são sempre surpreendentes. Sobretudo quando atuam em universos tradicionalmente dominados pelos homens, como a velha arte de contar estórias. Assim, as "23 histórias de um viajante", de Marina Colasanti, instigam e inquietam o leitor pela estrutura e densidade dos temas, mas sobretudo pela sensibilidade feminina que está por trás delas. O tema da viagem em busca de conhecimento, de uma revelação ou da iluminação existe desde que o homem começou a cultivar a arte de contar. Na realidade, partir envolve, de certa forma, a própria inquietação que projeta o ser humano ao desconhecido, a sede de seguir para a frente, de descobrir, mas também de revelar. O viajante está sempre em busca de alguma coisa misteriosa, mas traz também a inquietação, como o cavaleiro deste livro, que consegue penetrar no domínio de um príncipe misterioso, isolado do mundo por altas muralhas. Autora: Marina Colasanti

Tudo nela brilha e queima
Livro de estreia de Ryane Leão, mulher negra, poeta e professora, criadora do projeto onde jazz meu coração, com mais de 150 mil seguidores nas redes. "a poesia é minha chance de ser eu mesma diante de um mundo que tanto me silencia. é minha vez de ser crua. minha arma de combate. nossa voz ecoada. nossa dor transformada. nela eu falo sobre amor,desapego, rotina, as cidades que nos atravessam, os socos no estômago que a vida dá, o coração desenfreado, a pulsação que guia as estradas, os recomeços, os dias, as noites, as madrugadas, os fins, os jeitos que a gente dá, as transições,os discos, os tropeços, as partidas, as contrapartidas, os pés firmes que insistem em voar, e tudo isso que é maluco e lindo e nos faz ser quem somos." Autora: Ryane Leão

Assim na terra como embaixo da terra
Com uma linguagem direta e sem rodeios, Assim na terra como embaixo da terra prende a atenção do ouvinte logo nos primeiros trechos. Este eletrizante e premiado romance de Ana Paula Maia narra o cotidiano de uma colônia penal isolada em vias de desativação. Construída em um terreno com histórico tenebroso de tortura de escravos e assassinato, a instituição foi criada para ser um modelo de detenção do qual preso algum jamais fugiria. Com o tempo, o objetivo inicial de socializar os detentos para reinserção na vida em comunidade foi sendo deturpado. Na prática, a colônia se transformou em algo muito diferente: uma espécie de campo de extermínio. Nos últimos dias de funcionamento, o clima no local, que conta então com poucos apenados, é de aparente calma. No entanto, pouco a pouco os horrores vividos ali vão sendo revelados. Autora: Ana Paula Maia

Uma vida inventada
Com uma narrativa que destila ironia e senso de humor, Maitê mistura literatura e vida para contar casos surpreendentes, entremeados pela história de uma menina que, ao desbravar o mundo, descobriu a si mesma. Aqui você ouvirá, na voz da própria autora, um texto que confirma o seu talento com as palavras e que mostra que, mais importante do que a verdade é o jogo narrativo no qual ela nos envolve.

Olhos d'água
Em Olhos d’água Conceição Evaristo ajusta o foco de seu interesse na população afro-brasileira abordando, sem meias palavras, a pobreza e a violência urbana que a acometem. Sem sentimentalismos, mas sempre incorporando a tessitura poética à ficção, seus contos apresentam uma significativa galeria de mulheres: Ana Davenga, a mendiga Duzu-Querença, Natalina, Luamanda, Cida, a menina Zaíta. Ou serão todas a mesma mulher, captada e recriada no caleidoscópio da literatura em variados instantâneos da vida? Elas diferem em idade e em conjunturas de experiências, mas compartilham da mesma vida de ferro, equilibrando-se na "frágil vara" que, lemos no conto "O Cooper de Cida", é a "corda bamba do tempo". Em Olhos d’água estão presentes mães, muitas mães. E também filhas, avós, amantes, homens e mulheres – todos evocados em seus vínculos e dilemas sociais, sexuais, existenciais, numa pluralidade e vulnerabilidade que constituem a humana condição. Sem quaisquer idealizações, são aqui recriadas com firmeza e talento as duras condições enfrentadas pela comunidade afro-brasileira. Autora: Conceição Evaristo

Eu, Ela, Nós Muheres
As autoras A.F. Chagas, Ana Ferreira, Daniela Farah, Ilma Pereira, Luanna Jardim, Maria Teresa C. R. Moreira, Mónica Brandão, Rosângela Martins, Safira Rúbia, S. Geadas, do Brasil e de Portugal, criaram o grupo Mulheres & Poesias e escreveram 'Eu, ela, nós mulheres'. É uma antologia poética que mostra essa diversidade de experiências e de pontos de vistas, o que contribui para o enriquecimento da obra, que converge para um só tema — a mulher. Como resultado, enquanto a mulher escritora se torna praticamente transparente ao refletir todas estas características das várias faces femininas em seus poemas, a mulher leitora se visualiza em cada verso; enxerga seus anseios, seus posicionamentos, seus sentimentos e seus pensamentos. Algumas vezes, de forma firme e corajosa, em outras, assumindo a sua fragilidade e as suas frustrações. Assim, escritoras e leitoras buscam cada qual o seu espaço e o seu papel na família e na sociedade, indo até onde seus desejos sejam capazes de as levar. A mulher é um poema em constante movimento, e os poemas que o leitor vai encontrar são a expressão viva desse conceito. Autoras: A.F. Chagas, Ana Ferreira, Daniela Farah, Ilma Pereira, Luanna Jardim, Maria Teresa C. R. Moreira, Mónica Brandão, Rosângela Martins, Safira Rúbia, S. Geadas

Negras, Mulheres e Mães
Comemorando os 16 anos de sua primeira edição, ""Negras, Mulheres e Mães"" é um retrato que permanece atual sobre as relações raciais no Brasil, baseadas sobre as questões de gênero e religiosidade. Através do resgate das memórias de Olga de Alaketu, saudosa Iyalorixá de Candomblé na Bahia e no Sudeste, a autora atravessa os grilhões do racismo e mostra que a capacidade da mulher negra em superar as dificuldades no curso da vida, dotada por sua herança cultural africana de potências de defesa e atuação social - ainda que às vezes em conflito de valores com a cultura européia, branca e cristã do Brasil. O lugar ocupado pela mulher negra na sociedade, sua condição particular de provedora e amante são o que, na análise do pensamento africano e afro-brasileiro, a transformam em mito. A religiosidade afro-brasileira é a dimensão na qual essa figura se mostra ainda mais completa, levando Teresinha Bernardo à reflexão sobre o candomblé e suas mulheres, suas mães, suas mães-de-santo. Ao revelar aos leitores a história pessoal e espiritual de Olga de Alaketu, a autora expõe suas dimensões míticas, a partir dos quais a figura da mulher genérica vai se desenhando com grande nitidez e sentido. Mulheres do povo e suas nuances permitem, então, lançar novas luzes sobre os estudos da mulher, da religião e das relações raciais. Autora: Teresinha Bernardo

Pense e Enriqueça Para Mulheres
As mulheres representam o futuro dos negócios. A evidência está por toda parte — da declaração de Warren Buffett em 2013, de que as mulheres são a chave para o sucesso financeiro da nação, aos US$ 30 trilhões em patrimônio global internacional que as mulheres têm direito a herdar. As mulheres estão liderando uma revolução global silenciosa para o bem de suas famílias, seu futuro e sua satisfação pessoal. Embora os passos para o sucesso sejam os mesmos para todo mundo, homens e mulheres, em geral, abordam os princípios sob uma ótica muito diferente. O Pense e enriqueça original foi escrito sob uma perspectiva masculina, numa era em que a grande maioria dos executivos de negócios eram homens. Por este e muitos outros motivos, Sharon Lechter — a premiada autora e coautora do best-seller mundial Pai rico, pai pobre — criou Pense e enriqueça para mulheres. Este novo e poderoso livro aplica os princípios de criação de riqueza de Napoleon Hill à vida da mulher moderna, combinando os clássicos 13 Passos para o Sucesso de Hill com os insights e a experiência de centenas de mulheres notáveis. Autora: Sharon Lechter

A Bruxa Não Vai Para A Fogueira Neste Livro
Aqueles que consideram bruxa um xingamento não poderiam estar mais enganados: bruxas são mulheres capazes de incendiar o mundo ao seu redor. Resgatando essa imagem ancestral da figura feminina naturalmente poderosa, independente e, agora, indestrutível, Amanda Lovelace aprofunda a combinação de contundência e lirismo que arrebatou leitores e marcou sua obra de estreia, A princesa salva a si mesma neste livro, cujos poemas se dedicavam principalmente a temas como relacionamentos abusivos, crescimento pessoal e autoestima. Agora, em A bruxa não vai para a fogueira neste livro, ela conclama a união das mulheres contra as mais variadas formas de violência e opressão. Ao lado de Rupi Kaur, de Outros jeitos de usar a boca e O que o sol faz com as flores, Amanda é hoje um dos grandes nomes da nova poesia que surgiu nas redes sociais e, com linguagem direta e temática contemporânea, ganhou as ruas. Seu A bruxa não vai para a fogueira neste livro é mais do que uma obra escrita por uma mulher, sobre mulheres e para mulheres: trata-se de uma mensagem de ser humano para ser humano – um tijolo na construção de um mundo mais justo e igualitário. Autora: Amanda Lovelace
Feliz dia das Mulheres! Gostaram da nossa seleção baseada nessa data especial? Comenta aqui embaixo quais títulos com certeza vocês vão ler/escutar.